"Assim, convido o leitor a se sentir também nessa casa de fantasia "
(Nivaldete Ferreira)

Aquelas criaturas tão estranhas
"Geraldo Maciel de Araújo, estreante mas amadurecido no confronto com os estranhos personagens de seu mundo, escritor paraibano, mostra o seu rincão, o seu 'feudo' cultural, um dos 'alqueires' de um inquietante painel social chamado Brasil" (ASSIS BRASIL, 1995)

Sobre o livro
O país é estranho, também seus habitantes, num complexo mítico-social muito estranho, e lá, no interior brasileiro, talvez esteja a mais rica estranheza da dimensão humana: as pessoas, personas especiais, indivíduo, formam um caleidoscópio que, embora a diversidade, acaba por dar o retrato uno e completo do Brasil" (ASSIS BRASIL, 1995).
Este é o primeiro livro de contos de Geraldo Maciel, e, apesar de isso significar, muitas vezes, uma escrita ainda muito prematura, reconhecemos que essa obra já anunciava a grandeza literária desse autor. Nela, ele traz à tona, de maneira preponderante, a pobreza e miséria social através de diferentes vieses. Em contos como "Aniversário", o autor traz isso de forma bem humorada, através da figura de uma família que gasta tudo o que tem para fazer uma festa de aniversário de botar inveja nos vizinhos e na família; mesmo que isso custe a comida do mês inteiro. Ao mesmo tempo, contos como "Porque somos muito pobres"; "Carnaval" e "Meus meninos", trazem a figura da carência extrema através de personagens que, como diz Hildeberto Barbosa, não vivem, mas rastejam, tal a sua miséria.
O trecho do poema abaixo define bem o que sentimos com esse livro:
"Quem fala em flor não diz tudo.
Quem me fala em dor diz demais.
O poeta se torna mudo
sem as palavras reais".
(Trecho do poema "A bomba suja", de Ferreira Gullar 1980)
Pensando no tema do nosso site, a literatura fantástica, nessa obra do nosso querido Barreto ela só aparece em um conto, em "Aquelas criaturas tão estranhas", no qual Barreto utiliza uma linguagem mais metafórica para descrever as personagens, utilizando sua maestria com a linguagem para falar de Clotilde, uma parteira; Aurora, uma professora, e Donabela, uma costureira de mortalhas. A atmosfera que envolve o conto é cheia de mistério, o que vemos já no primeiro parágrafo da trama, que deixamos aqui pra dar aquele gostinho pra você:
Mas não vamos contar mais nada pelo risco de dar spoiler!!! Leia o conto na íntegra aqui embaixo ♥.
"Quando foram ungidas as três com tantos poderes? Onde, naquele casarão labiríntico, teria ocorrido a festa de iniciação? Por que dos gestos, do brilho da íris, da conformação das faces, fluía aquele mistério que impunha a todos o peso do consentimento e da obediência?"
(MACIEL, 2000, p.31)
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